Durante muito tempo, falar em transformação digital soou como uma obrigação estratégica, mas também como um território nebuloso. Muitas empresas investiram fortunas em tecnologias de ponta, squads ágeis, labs de inovação — e mesmo assim, não conseguiram capturar valor real. Foi justamente sobre essa lacuna entre promessa e entrega que o webinar promovido pela Davinci Consulting & Tech buscou lançar luz.
No encontro, Bruno Afonso (CEO da Davinci), Pedro Neves (Sócio da Davinci) e Márcio Araquam — executivo com décadas de atuação em empresas como Xerox, Sprinklr, EY, Gartner e startups — compartilharam visões práticas sobre o que funcionou, o que falhou, e por que a transformação digital precisa sair do discurso e entrar no modelo de negócio.
Disrupção não é só inovação, é também reinvenção
A disrupção vai além de melhorar processos ou lançar uma nova funcionalidade. É repensar o modelo de negócio, o jeito de entregar valor e o papel da empresa na vida dos clientes. Isso exige uma visão clara de futuro e coragem para romper padrões obsoletos.
Tecnologia sem contexto é só custo
A tecnologia precisa estar alinhada aos objetivos do negócio e à realidade da empresa. Valor gerado quando a escolha tecnológica parte de um diagnóstico bem feito e resolve gargalos específicos, seja no atendimento, no fluxo operacional ou na experiência do cliente.
O que aprendemos com os últimos 20 anos de tecnologia?
Segundo os convidados, a história da transformação digital passou por ciclos de deslumbramento tecnológico, como o surgimento da mobilidade, cloud, big data e redes sociais — os chamados “Nexus of Forces” do Gartner. Mas muitas empresas se perderam ao tratar tecnologia como um fim em si mesmo, e não como um meio para melhorar resultados e modelos de negócio.
Case real: Empresas que, durante a pandemia, digitalizaram suas operações às pressas conseguiram manter a operação viva. Mas aquelas que já tinham uma base sólida em dados, processos e integração foram as que realmente aceleraram.
Otimização x Transformação x Inovação
O Gartner propõe três camadas para entender os investimentos em tecnologia:
- Run the Business: sistemas básicos como ERP, e-mails e infraestrutura de TI — foco em eficiência e custo.
- Grow the Business: iniciativas que otimizam ou ampliam resultados dentro do modelo atual (ex: automatização de pricing).
- Transform the Business: uso de tecnologia para criar novas formas de receita, canais ou modelos — como vender assentos em aviões com base em dados de perfis influentes, gerando novas receitas com o mesmo ativo.
Transformar é mais do que digitalizar: é redesenhar o modelo de negócio para o futuro.
Por que tantas iniciativas falham?
O webinar também trouxe um alerta: inovação sem propósito é desperdício de recurso. Muitas empresas criaram estruturas de inovação que acabaram sendo desativadas por falta de entrega. O hype da tecnologia (como IA generativa, blockchain ou metaverso) precisa ser equilibrado com maturidade, estratégia de dados e foco em resultado.
“A primeira pergunta não é ‘como adotar IA’, mas sim ‘quais problemas estou resolvendo’”, reforçou Márcio.
Cultura organizacional como motor (ou freio)
Sem uma cultura ágil, colaborativa e centrada em inovação, qualquer tentativa de transformação digital morre na prática. A tecnologia pode ser comprada, mas a cultura precisa ser construída e verdadeiramente implementada.
Gerar valor na disrupção digital é ter uma escuta ativa, processos bem desenhados, escolhas tecnológicas alinhadas à estratégia, foco constante em experiência e, claro, uma liderança que sustente a mudança.
Em resumo, a disrupção gera valor quando é pensada de forma integrada, humana e estratégica. Não é somente fazer digital, é ser relevante em um mundo digital.
Se sua empresa ainda está apenas digitalizando o que já existe, talvez seja hora de repensar não só os processos, mas o propósito. Vamos conversar sobre isso?